Empresário que denunciou esquema no MEC, diz como eram os pedidos de propina
29/06/2022
O empresário que denunciou o esquema de corrupção e propina no Ministério da Educação, que envolviam o ex-Ministro da Educação, Milton Ribeiro e pastores é denunciado em detalhes por empresário. Ele diz como funcionava o esquema de propinas e como era a abordagem por propina.
O Fantástico entrevistou no último domingo (26), o empresário Edvaldo Brito, que revelou detalhes de como eram feitos os pedidos de propina por parte dos membros do esquema do MEC, que envolviam pastores e o ex-Ministro da Educação, Milton Ribeiro.
Escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, acabaram envolvendo o presidente Jair Bolsonaro no escândalo. Agora, senadores pedem que o Supremo Tribunal Federal apure a possível interferência de Bolsonaro na investigação.
A denúncia de corrupção no Ministério da Educação, começou em um evento em Nova Odessa, interior de São Paulo, a denúncia feita pelo empresário e radialista, Edvaldo Brito, que falou com exclusividade ao Fantástico.
A Polícia acredita que as propinas aconteciam para agendar encontros com o Ministro da Educação, Milton Ribeiro.
A operação Acesso Pago, da Polícia Federal, começou depois que Edvaldo Brito apresentou às autoridades provas do que seria um pagamento de propina.
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“Eu descobri que o ministro tinha um gabinete itinerante. Os técnicos do FNDE iam para um determinado município, organizavam um evento em parceria com os municípios, e aí todos os outros municípios eram atendidos”, diz Edvaldo.
Edvaldo conta que procurou o pastor Gilmar Santos para ver se seria possível levar o então ministro e o gabinete itinerante para a sua região, no interior paulista.
“O ministro pregava nesse culto. Acabei descobrindo o contato do Gilmar através da própria igreja dele. Liguei para ele, que marcou para me atender em Brasília, num hotel. Eu fui até lá”, revela Edvaldo, acrescentando que o encontro no hotel aconteceu em maio do ano passado com os pastores Gilmar e Arilton. “Eu vi que realmente tinha uma mesa lá em que ele atendia, conversava. Depois, chamava o outro na mesa.”
Os dois, diz Edvaldo, aprovaram a ida do gabinete itinerante até Nova Odessa: “Naquele momento, eu estava falando com um pastor, um pastor que ajudava as pessoas. Porque o que eu conheço é isso. O que eu conheço do cristão é se doar”
Depois, segundo o empresário, os pastores pediram que ele e o prefeito do município fossem a Brasília. O objetivo: gravar um vídeo com o então ministro. Após esse encontro, Edvaldo afirma: houve um pedido de dinheiro feito pelo pastor Arilton.
“O próprio Arilton disse: ‘Olha, eu preciso que você faça uma doação. É para uma obra missionária’. Eu falei: ‘Tudo bem. E de quanto é essa doação?’, aí ele falou: ‘Ah, por volta de R$ 100 mil reais é a doação’. Eu falei: ‘É muito. Eu não tenho. Eu não tenho condição. Mas eu tenho amigos, pessoas, empresários que costumam investir na obra e que eu vou pedir a doação’.”
Veja a íntegra no Fantástico.