Americanos viajam a Cuba em busca de alternativas médicas
WILLIAM NEUMAN
THE NEW YORK TIMES
Havana, Cuba. Anuja Agrawal correu para o telefone. O presidente Barack Obama havia acabado de anunciar que restabeleceria as relações diplomáticas com Cuba – e Anuja, dona de uma empresa de turismo médico em Orlando, na Flórida, não queria perder essa chance. Ela ligou para um administrador de saúde em Cuba e eles fecharam um acordo que já estavam negociando havia meses, na esperança de que pacientes norte-americanos pudessem viajar à ilha em busca de tratamentos médicos.
“As pessoas estavam muito empolgadas com a possibilidade”, afirmou Anuja, executiva-chefe da Health Flights Solutions (soluções de saúde em Voos, em tradução livre). Ela acrescenta que, se os norte-americanos começarem a ir a Cuba em busca de tratamentos mais acessíveis, pode significar uma grande injeção de dinheiro no sistema médico do país. “Para eles, é como se tivessem ganhado na loteria”, diz.
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À medida que o governo Obama acaba com o isolamento econômico de Cuba, muitos setores tentam descobrir o que isso vai representar na prática e que tipo de espaço terão no país.
Turismo médico. Cuba transformou a medicina em uma prioridade após a revolução de 1959, ganhando a reputação de fornecer tratamentos de qualidade e praticamente gratuitos para toda a população. Milhares de pessoas vão ao país todos os anos para fazer o que ficou conhecido como turismo médico: viagens internacionais para fazer cirurgias e tratamentos, com frequência porque são mais baratos ou porque não existem no país onde vivem.
Agora, o governo Obama diminuiu as restrições de viagem para Cuba. Os norte-americanos podem ir por várias razões, incluindo visitas a familiares, conferências acadêmicas, apresentações públicas e atividades religiosas. Embora viagens por tratamento médico ainda não sejam permitidas, o governo eliminou uma restrição que exigia que muitos norte-americanos viajassem com grupos autorizados.
“As restrições estão menos rígidas”, afirmou Anuja, acrescentando que, uma vez que as portas tenham sido abertas, “as coisas devem ficar cada vez mais fáceis”. Na prática, as mudanças significam que muitos se sentirão à vontade para viajar a Cuba, mesmo que por razões que ainda não estejam nas categorias permitidas.
Parcerias
Hospitais. Jonathan Edel-heit, chefe da Associação do Turismo Médico, afirmou que alguns hospitais dos EUA expressaram interesse em criar parcerias com instituições médicas cubanas.
Permissão
Uma porta-voz do Ministério da Fazenda norte-americano afirmou que quem deseja ir a Cuba por razões que não estão incluídas na lista de atividades permitidas pode pedir uma permissão do governo, conhecida como licença especial, e que esses pedidos são avaliados caso a caso.
Contudo, a porta-voz afirmou que todos os norte-americanos que viajam a Cuba são obrigados a manter os dados de suas viagens por cinco anos e podem então ser auditados para demonstrar que a sua viagem respeitou as diretrizes estabelecidas.
Tradução do jornal O Tempo
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