em Internacional

Rússia inicia a vacinação em massa contra a COVID nesse sábado (5)

04/01/2020

Publicado originalmente no Sputniknews

Moradores da capital russa começam a receber a vacina contra a COVID-19 neste sábado (5). A Sputnik Brasil averiguou quem terá acesso às primeiras doses e conversou com quem já tomou o imunizante.




Nesta sexta-feira (4), os moradores da capital da Rússia, Moscou, começam a ter acesso à vacina Sputnik V contra a COVID-19.

Agentes de saúde, profissionais da educação e assistentes sociais da capital podem se registrar hoje (4) para receberem a primeira dose do imunizante a partir de amanhã (5).

“Mas atenção: não são só os médicos e pedagogos que vão receber a vacina: o pessoal da limpeza dos hospitais, funcionários das escolas, assistentes sociais que entram em contato com grande número de pessoas [também receberão]. O risco que eles correm de contrair o vírus não é menor!”, lembrou a vice-prefeita da cidade, Anastasiya Rakova.




Os assistentes sociais municipais prestam os mais diversos serviços aos moscovitas: desde assistência psicológica e jurídica até recolocação profissional e apoio a idosos.
 

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Para obter a vacina é necessário ter entre 18 e 60 anos, não ter doenças crônicas, não ter tomado outras vacinas, como a da gripe, nos últimos 30 dias, nem ter tido doenças do trato respiratório recentemente. A vacinação é contraindicada para mulheres grávidas e lactantes.



O processo tomará cerca de uma hora: dez minutos para exame médico antes da administração da vacina, cerca de 15 minutos para preparar o medicamento e 30 minutos nos quais o paciente deve ficar sob observação médica.

Conforme o grupo prioritário for atendido, a campanha de vacinação será gradualmente ampliada, até abranger todos os residentes da capital russa.

A vacina será distribuída de graça para os residentes da Rússia. Para o mercado internacional, será vendida à US$ 10,00 a dose (cerca de R$ 50,00), preço duas vezes inferior ao das concorrentes, informou o Fundo Russo de Investimentos Diretos.

A Sputnik V é administrada em duas doses: após tomar a primeira, os moscovitas receberão um lembrete por SMS para comparecerem a um dos 70 pontos de vacinação e receberem a segunda dose.

Depois disso, os moradores da capital russa receberão um certificado que atesta a imunização contra a COVID-19.

Apesar de a vacinação em massa só ter início neste sábado (5), mais de 100 mil pessoas já foram vacinadas contra a COVID-19 na Rússia.

“No momento, mais de 100 mil cidadãos já foram vacinados e a vacina Sputnik V é distribuída em todas as regiões da Rússia”, disse o ministro da Saúde do país, Mikhail Murashko, durante apresentação sobre o imunizante realizada na ONU nesta quarta-feira (2).

Somente em Moscou, cerca de 20 mil pessoas participaram dos testes da fase 3 da vacina Sputnik V.

Experiência pessoal

A moscovita Anna Goldman, de 38 anos, foi uma das voluntárias dos testes, que também são conduzidos na Índia, Emirados Árabes Unidos, Bielorrússia e Venezuela.

“Eu decidi participar dos testes da vacina porque eu não quero adoecer e quero ter anticorpos”, disse Goldman à Sputnik Brasil.

“Afinal, todas as vacinas tiveram que ser testadas em alguém, e dessa vez eu pude fazer parte do processo”, considerou a voluntária”. “Pude ser útil de alguma forma à sociedade e à humanidade como um todo.”

Ela conta que não teve medo de participar dos testes, uma vez que nunca tinha apresentado reações adversas a vacinas.

“Sei que tem pessoas que têm efeitos colaterais, mas eu nunca tive nenhuma complicação em relação a vacinas, nem durante a infância”, relatou.

“A única coisa que eu não queria era receber o placebo!”, disse Goldman. Durante este tipo de teste, uma parcela dos participantes recebe a vacina e outra recebe um placebo, para que os pesquisadores possam comparar os resultados e calcular a eficácia do imunizante.

Quando Goldman contou a familiares que ia participar dos testes, “todo mundo recebeu a minha decisão de forma positiva”.

“Mas quando eu fiz um post em uma rede social que eu ia participar dos testes com a nova vacina, foi até engraçado, porque escreveram que eu era corajosa e audaciosa”, relatou a voluntária. “Mas eu mesma não via nenhuma bravura.”

Por outro lado, “teve gente que escreveu ‘nós sempre lembraremos de você como uma bela jovem’. Parecia que estavam se preparando para meu funeral!”

Ela lamenta que “tantas pessoas tenham medo de vacinas” e acredita ser necessário “realizar campanhas educacionais, esclarecer para a sociedade que a vacinação é uma coisa importante, que preserva a saúde e salva a vida das pessoas”.

O Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, que desenvolveu a Sputnik V, reitera que a vacina é segura “porque não contém o coronavírus”.

“A base da vacina são estruturas especiais (vetores portadores) criadas em laboratório, que contêm apenas uma parte do gene do vírus. Em resposta a um encontro com eles, o sistema imunológico produz anticorpos protetores”, escreve o centro em nota publicada pela prefeitura de Moscou.

A voluntária disse que não teve efeitos colaterais, “só o lugar da picada da injeção que inflamou um pouco e ficou parecendo uma picada de mosquito”.

Goldman compreende que, ao contrário de outras vacinas que demoraram décadas para serem desenvolvidas, as vacinas contra a COVID-19 foram desenvolvidas de forma acelerada.

“Eu acho que está certo fazer os testes em ritmo acelerado. A epidemia está acontecendo agora”, disse a voluntária.

Em 24 de novembro foram divulgados os resultados parciais dos testes da vacina Sputnik V, que atestam a eficácia de 95% do imunizante.

Em 2 de dezembro, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o início da vacinação em larga escala no país. Segundo ele, cerca de dois milhões de doses serão disponibilizadas para a primeira etapa de vacinação.

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