Como a extrema-direita usa o medo e fake news para influenciar pessoas
Cientista político italiano em livro tenta explicar como a extrema-direita no mundo, tenta usar os algoritmos, o medo e teorias da conspiração para influenciar pessoas
Um cientista político franco-italiano, Giuliano da Empoli, escreveu um livro que deveria ser o novo livro de cabeceira, para quem quer entender ascensão de Bolsonaro e da extrema-direita no mundo, afinal tudo que tem sido feito até aqui não teve resultado objetivo para derrotar o bolsonarismo e a extrema-direita.
O livro organizado por Da Empoli tem um título que por si só é bem auto-explicativo: ” Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições”, que está disponível em português, pela Editora Vestígio.
No livro o autor, explica como a extrema-direita usa o medo, as teorias da conspiração, o escândalo e a superexcitação permanente, para manter uma parte da sociedade mobilizada, não importando inclusive se o conteúdo que circula é VERDADE OU NÃO.
O autor em entrevista ao Nexo Jornal, o autor falou brevemente como a lógica de engajamento das redes sociais se sobrepôs a lógica de fazer política de maneira tradicional. Segundo ele, o motor das redes sociais são as emoções. Em entrevista, ele afirmou que eles usam todo tipo de conteúdo possível para manter engajados o seu público.
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O cientista político falou do Brasil de Bolsonaro também e diz que o Brasil é um laboratório político desse novo jeito de fazer política da extrema-direita, com o uso de emoções e fake news. Que Bolsonaro bagunçou o “jeito tradicional” de fazer política.
As fake news e seu uso pela extrema-direita bolsonarista, tem um objetivo político calculado e não são usados só para “causarem”, segundo o autor, isso mantém as pessoas presas a agenda de Bolsonaro. Uma entrevista e leitura de livro que valem a pena, para que seja compreendido melhor o fenômeno da extrema-direita e seus métodos e tecnologias sociais.
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Da Empoli diz que por trás de figuras como Bolsonaro e Trump, há ideólogos, especialistas e cientistas do BIG DATA, que sabem como usar e explorar o medo e indignação de cada grupo social específico da sociedade e citou como a campanha de Trump usou isso com maestria na eleição de 2016.
A descrição do livro a venda na Editora Vestígio fala um pouco do que aguardar do livro:
“Aos olhos dos seus eleitores, as *deficiências* dos líderes populistas se transformam em qualidades, sua inexperiência demonstra que não pertencem ao círculo da “velha política”, e sua incompetência é uma garantia da sua autenticidade. As tensões que causam em nível internacional são vistas como mostras de sua independência, e as fake News, marca inequívoca de sua propaganda, evidenciam sua liberdade de pensamento.
No mundo de Donald Trump, Boris Johnson, Matteo Salvini e Jair Bolsonaro, cada dia traz sua própria gafe, sua própria polêmica, seu próprio golpe brilhante. No entanto, por trás das manifestações desenfreadas do carnaval populista, está o trabalho árduo de ideólogos e, cada vez mais, de cientistas e especialistas do Big Data, sem os quais esses líderes nunca teriam chegado ao poder.
É o retrato desses engenheiros do caos que Giuliano da Empoli nos apresenta, através de uma investigação ampla e contundente que vai muito além do caso Cambridge Analytica e remonta ao início dos anos 2000, quando o movimento populista global, hoje em pleno curso, dava seus primeiros passos na Itália.
O resultado é uma galeria de personagens variados, quase todos desconhecidos do público em geral, mas que vêm mudando as regras do jogo político e a face das nossas sociedades.”
Veja a entrevista completa de Da Empoli ao Nexo Jornal.