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Ágatha, a menina estudiosa, obediente e de futuro assassinada pela PM de Witzel

Por Luís Nassif

Não é possível aceitar essa passividade em relação a um governador com instintos assassinos, colocando em risco crianças, cidadãos inocentes, ou mesmo executando criminosos

Muita coisa foi naturalizada no Brasil, nesse extraordinário retrocesso por que passa. Aceitam-se presidente sem compostura, Ministro da Educação abilolado, Ministro das Relações Exteriores negacionista, filhos desequilibrados.



Mas naturalizar genocídio, não dá!

A impotência do STF (Supremo Tribunal Federal), da PGR (Procuradoria Geral da República), do Ministério Público Federal e do Estadual no Rio de Janeiro, da Defensoria Pública é humilhante para eles próprios e para a própria democracia.

Pessoal, daqui a pouco essa onda bárbara vai refluir e, assim como as marés vazantes, vão expor os dejetos jogados na praia, os plásticos poluidores da inação do Supremo, o silêncio sepulcral dos Ministros cariocas, até daquele que só pratica o bem, a bondade e a verdade, a desmoralização final da Justiça do Rio.




Não é possível aceitar essa passividade em relação a um governador com instintos assassinos, colocando em risco crianças, cidadãos inocentes, ou mesmo executando criminosos.

A insensibilidade social é tão grande, que o mais grave crime perpetrado no Rio – o genocídio comandado pelo Estado – merece cobertura apenas da imprensa popular, para não estragar o café da manhã da zona Sul. Aliás, ainda bem que há jornalismo no Extra.

Leiam, por favor, a reportagem do Extra, sobre mais uma morte de criança.

A menina Ágatha Félix, de 8 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada deste sábado. Ela foi atingida nas costas por um tiro de fuzil, na noite desta sexta-feira, na Fazendinha, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Ela estava dentro de uma Kombi no momento em que foi baleada. A criança foi levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na Zona Norte.

O avô materno da criança, identificado como Ailton Félix, pediu explicações sobre o disparo:

— Quem tem que dar informações é quem deu o tiro nela. Matou uma inocente, uma garota inteligente, estudiosa, obediente, de futuro. Cadê o policiais que fizeram isso? A voz deles é a arma. Não é a família do governador ou do prefeito ou dos policiais que estão chorando, é a minha. Amanhã eles vão pedir desculpas, mas isso não vai trazer minha neta de volta. — exclamou o avô em tom de revolta.

A mãe de Ágatha, identificada apenas como Vanessa, teve que sair do hospital de cadeiras de rodas. Ela passou mal ao saber da notícia e teve que ser amparada por familiares e amigos.

Não é possível tamanha falta de empatia, tamanha desumanidade das autoridades. Por algum instante, projetem em um familiar, em algum filho, ou irmão, ou em vocês mesmo, o significado de ter uma criança de 8 anos sendo baleada em uma guerra alimentada por um genocida.

Não se trata de discussão acadêmica sobre a inutilidade de promover guerras contra o crime em territórios habitados por civis. Trata-se de impedir a continuidade das mortes.




Que as palavras desconsoladas do avô sejam a maldição de Witzel. Que o acompanhem em todos os seus atos, até que a civilização se imponha e ela seja preso, julgado e condenado. E, na cela em que dividir com outros criminosos, se coloque em um quadro as palavras desconsoladas do avô, lembrando que era uma garota inteligente, estudiosa, obediente, de futuro.

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