‘Deputado motosserra’ teve aumento de bens de 450% em dois anos
Via Rede Brasil Atual
São Paulo – O deputado estadual Jefferson Alves (PTB-RR), que ficou conhecido como deputado motosserra após publicar um vídeo utilizando uma motosserra para cortar uma corrente que protegia a Terra Indígena Waimiri Atroari, em Roraima, teve um aumento inexplicado de patrimônio de 450% em dois anos. Candidato a prefeito de Boa Vista pelo PDT em 2016, Alves patrimônio de R$ 300 mil. Em 2018 ele foi eleito deputado estadual pelo PTB. E sua declaração de bens registrou R$ 1,6 milhão. Somente em cabeças de gado ele passou a deter o equivalente a R$ 625 mil.
Os dados constam da declaração de bens feita pelo deputado motosserra ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As informações são da página Do Olho nos Ruralistas.
Embora tenha se tornado pecuarista, Alves não tem uma fazenda. O gado fica em uma fazenda chamada Menininha do Kanto A, descrita dessa forma em sua declaração de bens, mas apontada como propriedade de outra pessoa. Apesar disso, não há endereço da fazenda. E o deputado motosserra se nega a dizer onde ela fica. Uma fazenda Menininha do Cantoá aparece em duas vezes no Diário Oficial do Estado de Roraima, em 2008 e 2009. A Fundação Estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia multou o proprietário desta, Mauro de Rocha Freitas, por desmatamento de duas áreas, correspondente a mais da metade da área da fazenda.
A aparece novamente no Diário Oficial em fevereiro de 2009, quando o então governador José de Anchieta Junior (PSDB) ofereceu isenção fiscal para a criação de gado no local. À época, a fazenda Menininha do Cantoá estava em nome de um dos irmãos de Mauro, Amarildo da Rocha Freitas. Mauro ganhou, no mesmo dia, isenção fiscal para a pecuária na Fazenda Porangatu. Amarildo e Mauro são irmãos do ex-deputado federal Urzeni Rocha (PSD), outro proprietário de terra na região, que deu parecer favorável ao PL 1610/1996, que prevê a mineração em terras indígenas.
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A mineração é a maior ameaça à Terra Indígena Waimiri Atroari. A corrente destruída por Alves com a motosserra é utilizada pelos indígenas para fechar o local entre as 18 horas e 6 horas. Ela tem a função de proteger a fauna da região e os próprios povos originários, que possuem hábitos noturnos. No vídeo, o deputado declara que “nunca mais essa corrente vai deixar o meu estado isolado. Presidente Bolsonaro, é por Roraima, é pelo Brasil. Não a favor dessas ONGs. Nunca mais”. O Ministério Público Federal (MPF) estuda as medidas a serem tomadas contra o deputado.
Hoje também foi revelado que centenas de garimpeiros estão atuando ilegalmente na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, desde dezembro do ano passado. A invasão ocorre na área que fica no município de Normandia, na fronteira com a Guiana. Os invasores utilizam grande estrutura de maquinaria, com escavadeiras e moinhos trituradores. Segundo as lideranças indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) avaliam que a ação está ligada a promessa do presidente da República, Jair Bolsonaro, de liberar o garimpo nas terras dos povos originários.
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