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Empresário apoiador de Bolsonaro fala de arrependimento e diz que tudo piorou

Relato que saiu na Revista Piauí:

A casinha de tábuas de 52 metros quadrados de área, localizada em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, funciona como base para o plantão de vendas do empresário Adiel Damer, de 41 anos. O negócio dele é comercializar residências pré-moldadas de madeira, como a que lhe serve de escritório, a preços bem populares – “para o povão, mesmo”, como ele próprio diz. O marasmo da economia brasileira nos anos de 2017 e 2018 fez com que ele enxergasse saída na candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).



Agora, com cinco meses de governo Bolsonaro, com o PIB caindo pelas tabelas e seu empreendimento patinando, Damer se mostra arrependido de ter votado no “Capitão”. Considera o governo péssimo. É como se o tiro tivesse saído pela culatra.

“A gente achava que ia ter mudança. Todo mundo falava que ia melhorar, que a economia ia avançar… A gente apostava bastante. Prometeram mudança. Mudou pra pior”, lamentou.

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Segundo o Ibope, Damer é um exemplo do perfil do chamado eleitor arrependido de Bolsonaro: homens de 35 a 44 anos, com renda mensal de dois a cinco salários mínimos, escolaridade até o ensino médio e moradores da região Sul do país, principalmente em cidades da periferia da Região Metropolitana e com população de 50 mil a 500 mil habitantes. O instituto estima que, como Damer, 1,8 milhão de eleitores que votaram em Bolsonaro e têm perfil semelhante ao dele avaliam o governo como ruim ou péssimo. Esse 1,8 milhão é o segmento mais expressivo de um grupo maior, os 19 milhões de eleitores que o Ibope estima que votaram em Bolsonaro, mas já não avaliam o governo como bom ou ótimo.




Para o pequeno empresário, não é surpresa que a desilusão com o presidente tenha ganhado corpo entre os que referendaram o bolsonarismo nas urnas e que estejam justamente em seu estrato socioeconômico. Na avaliação dele, esse é o grupo que tem sentido de forma mais severa as consequências da letargia do governo.

“O pai de família que ganhava um pouquinho perde o emprego e vai fazer o quê? É quem está mais sofrendo com o fracasso do governo, com os rumos do país”, sintetizou.

Os clientes de Damer, em regra, se enquadram na classe D. Por isso, ele considera que seu negócio seja um bom termômetro para aferir o ânimo da economia – e os dados apresentados pelo pequeno empresário indicam que seu negócio não vai nada bem. Dos dezesseis potenciais clientes que enviaram pedidos para financiamento neste ano, apenas um foi aprovado.

Damer até reduziu a margem de lucro, mas tem fechado poucos negócios por mês: dois ou, no máximo, três. Para fins de comparação, no ano passado, o volume de negócios era duas vezes maior. No ápice do empreendimento, em 2012 – quando a refinaria da Petrobras, que alavanca a economia do município, ia de vento em popa – Damer chegou a manter dez equipes trabalhando ininterruptamente na montagem das casinhas, que vendia às dezenas. Neste ano, em contrapartida, já houve mês em que ele teve que se desdobrar para cobrir os custos fixos do negócio, de 5 mil reais – que correspondem ao aluguel do terreno, despesas de escritório e salário da única funcionária.



Damer em sua empresa: desencanto com economia ruim – FOTO DE FELIPPE ANÍBAL

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