Ministro de Bolsonaro critica o FIES, financiamento estudantil de milhões de estudantes
São Paulo — O ministro da Educação, Abraham Weintraub, apresentou nesta terça-feira (07) à Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado as metas do governo para o Plano Nacional de Educação (PNE).
Weintraub, que assumiu o cargo em 8 de abril, após a saída de Ricardo Vélez Rodíguez, foi convocado pelos parlamentares para explicar suas medidas e declarações.
A última delas foi o anúncio de contingenciamento de verbas para três universidades — a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo o líder da pasta, as instituições estavam fazendo “balbúrdia” em vez de melhorarem o desempenho acadêmico.
Logo depois, o ministro voltou atrás e anunciou que o corte de 30% do orçamento seria estendido para todas as 63 universidades federais que hoje funcionam no Brasil. Dentre os reitores das universidades, há a preocupação de que as contas não fechem sem o repasse das verbas.
Ao senado, Weintraub ressaltou que não houve corte no orçamento, mas um contingenciamento, e que a situação vai se normalizar quando a economia mostrar que está se recuperando. Ao todo, os cortes chegaram a 7,3 bilhões de reias. “Se a gente conseguir aprovar a reforma da Previdência e voltar a arrecadação, volta o orçamento. Agora, a gente precisa seguir a lei de responsabilidade fiscal.”
Questionado sobre o fato de o corte inviabilizar as atividades em algumas universidades, o ministro disse: “O salário dos professores está sendo integralmente respeitado, os refeitórios dos alunos também. Agora, é sacrossanto o orçamento das universidades? Não dá pra cortar nada? Uma universidade custa 1 bilhão de reais, na média. Nós temos 65. Todo mundo está apertando o cinto”.
O ministro defendeu que o Brasil não gasta pouco com universidades e classificou como “desastre” o financiamento dos antigos governos no Ensino Superior. “É uma tragédia o financiamento estudantil. São 500 mil jovens começando a vida com o nome sujo”, disse em referência aos jovens inadimplentes do Fies.
“O ensino profissional ficou largado lá em baixo na nossa lista de prioridades, enquanto colocamos muito dinheiro na educação superior”, disse. Segundo ele, o Brasil gasta 14 mil dólares por estudante na faculdade, enquanto o Chile gasta 8 mil dólares e a Coreia, 10 mil dólares.
Weintraub também disse que a sugestão de reduzir verba para cursos de filosofia e sociologia é baseada em números e critérios técnicos. Segundo ele, apenas 13% da produção na área de Ciências Sociais Aplicadas, Humanas e Linguística têm impacto científico.
Apesar do que considera ser um baixo desempenho, argumentou o ministro, a maioria das bolsas da Capes seria destinada a estudantes da área de Humanas. “Gente que é paga para estudar”, afirmou ele, e que, na maioria dos casos, não traria um retorno efetivo ao país.
LEIA TAMBÉM:
- Luciana Gimenez e Ratinho farão propaganda de reforma da previdência de Bolsonaro
- Governo Bolsonaro também congela verbas da educação infantil
- Gás de cozinha aumenta 3,4%
A prioridade do governo nos setor de educação, segundo Weintraub disse no começo de sua apresentação, é a educação infantil, com atenção especial para as creches. “Hoje 30% das crianças tem acesso a creche no brasil, isso incluindo público e privado. Não estamos conseguindo atender essa primeira recepção das crianças a escola”.
A segunda prioridade do governo é reduzir a evasão dos alunos no ensino fundamental.
A terceira meta do governo, ligada ao ensino médio, “mexe um pouco com preconceito dos brasileiros”, segundo o ministro. A taxa de insucesso no ensino médio é maior do que no fundamental por conta da oportunidades no mercado de trabalho, segundo o material levado pelo ministro para auxiliar na apresentação, especialmente entre os mais pobres.
Apoiado na premissa, o ministro defendeu uma abordagem mais pragmática para alunos desse nível estudantil: “um mestre de obras, um mestre relojoeiro é visto com muitas qualidades em outros países. Temos que quebrar o preconceito do ensino técnico, que às vezes é tão ou mais importante do que o ensino recebido por um doutor”, defende. “Se a gente tivesse ensinasse um ofício, a taxa de evasão poderia ser menor”.
Acompanhe ao vivo: