Morte de miliciano pode ter sido queima de arquivo, afirma especialista
O sociólogo e professor da UFRJ, que é especialista em milícias, José Cláudio Souza Alves, afirma que a morte do miliciano, ex-capitão do BOPE, Adriano da Nóbrega, pode ser um caso de ”queima de arquivo”. Uma operação policial que é fruto de trabalho de investigação por um ano, que em vez de prender, mata um acusado que é peça-chave de outras investigações que movimentam o país, ou seria um grande azar ou é uma operação de queima de arquivo, relata o jornalista Reinaldo de Azevedo em seu Blog.
O sociólogo e estudioso de milícias, José Cláudio Souza Alves, criticou a ação que matou o ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, durante operação que foi conjunta entre as polícias do Rio de Janeiro e da Bahia, no domingo (9).
Segundo o sociólogo há sinais claros que o caso pode se tratar de “Queima de arquivo”.
“Uma operação de cerco lida mais com paciência, espera, controle e dissuasão do que com um confronto direto”, afirmou o sociólogo à Folha de S. Paulo.
“Estamos falando de um quadro simplificado: um cerco a uma casa no campo. Investiram recursos públicos para desembocar naquilo que é o oposto do desejável. É inacreditável.”
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O jornalista Reinaldo de Azevedo afirma em seu blog, que uma operação que é fruto de trabalho de investigação por um ano, que em vez de prender, mata um acusado que é peça-chave de outras investigações que movimentam o país, ou seria um grande azar ou é uma operação de queima de arquivo.
O miliciano era acusado de integrar o Escritório do Crime, organização criminosa de matadores de aluguel e ser chefe de uma das mais antigas milícias do Rio de Janeiro. Ainda sendo o Ministério Público do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega ficava com parte do dinheiro que vinha do esquema de rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro (Sem Partido-RJ).
Não é teoria da conspiração: veja aqui nesta linha do tempo a estreita ligação que Adriano da Nóbrega tinha com Flávio Bolsonaro, inclusive fora homenageado pelo então deputado com a mais alta honraria da Assembleia do Rio, a Medalha Tiradentes: pic.twitter.com/kajJOyzlPS
— George Marques (@GeorgMarques) February 9, 2020
LIGAÇÕES
– miliciano Adriano da Nóbrega era ligado a Flávio Bolsonaro e Queiroz
– ele foi morto na Bahia, na casa de um vereador do PSL chamado “Gilsinho de Dedé”
– Eduardo Bolsonaro estava na Bahia no dia do fato
– na campanha eleitoral, o número de Gilsinho era 17000— Bohn Gass (@BohnGass) February 10, 2020
Além disso, Adriano da Nóbrega afirmou ao seu advogado, que queriam mata-lo em queima de arquivo.
Ele mantinha a mãe e ex-esposa no gabinete de Flávio Bolsonaro. Adriano também era suspeito de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
José Cláudio Souza Alves é professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e autor do livro “Dos Barões ao Extermínio – Uma História da Violência na Baixada Fluminense”.