em Geopolítica

Secretário de Trump: “Vamos recuperar nosso quintal” sobre América Latina

14/04/2025

O secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, fala que Trump quer ”recuperar o seu quintal” se referindo a América Latina (isso incluí nós brasileiros) que está sob influência e grande aproximação com a China. A velha política do porrete e intimidação norte-americana volta seus olhos para o seu ”quintal”, para controlar politicamente a região de acordo com o interesse dos bilionários americanos, seja pela força ou outros meios.

Pete Hegseth, secretário de Defesa de Donald Trum, referiu-se a América Latina como ”quintal dos EUA” e afirmou que Trump quer aumentar a influência norte-americana na região. Influência que no passado foi conquistado com golpes de estado para conter a ”ameaça comunista”, como foram as ditaduras militares na América Latina na década de 60-70.

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A declaração foi feita em entrevista à Fox News, que foi ao ar na última quinta-feira (10). Além disso, ele afirmou que a China aumentou a sua influência na América Latina durante o governo Barack Obama.

“É estratégico. O governo [Barack] Obama tirou os olhos da bola e deixou a China tomar toda a América do Sul e Central, com sua influência econômica e cultural, fazendo acordos com governos locais de infraestrutura ruim, vigilância e endividamento. O presidente Trump disse ‘não mais’. Vamos recuperar o nosso quintal”, afirmou Hegseth. “Estamos ajudando a recuperar o Canal do Panamá da influência comunista chinesa.”

A POLÍTICA DO PORRETE SUBMISSÃO E GOLPES DE VOLTA NA AMÉRICA LATINA?

Em 1823, a Doutrina Monroe estabeleceu o princípio de “América para os americanos”, que, na prática, significava “América para os norte-americanos”. Os EUA se autoproclamaram protetores do continente, justificando intervenções para afastar influências europeias, mas também para consolidar seu próprio controle.

Doutrina Monroe e a ”América para os americanos”.

No século XIX, o Destino Manifesto alimentou a expansão territorial dos EUA, anexando mais da metade do México (Texas, Califórnia, Novo México e outros territórios) após a Guerra Mexicano-Americana (1846-1848), um conflito desigual que deixou claro o projeto imperialista estadunidense.

No século XX não foi diferente, os meios para intervenção e interferência nos países latino-americanos foram os mais diversos.

No início do século XX, os EUA intensificaram suas intervenções militares na América Central e no Caribe, muitas vezes para proteger interesses de empresas como a United Fruit Company (Chiquita Brands). Exemplos notórios incluem:

  • Honduras (1911, 1912, 1924) – Várias invasões para proteger empresas bananeiras.
  • Nicarágua (1912-1933) – Ocupação militar para controlar o canal potencial e reprimir revolucionários nacionalistas como Augusto César Sandino.
  • República Dominicana (1916-1924) – Invasão para cobrar dívidas e controlar finanças.
  • Haiti (1915-1934) – Ocupação brutal para garantir pagamentos de empréstimos e controlar bancos.
indefinido
Fuzileiros navais norte-americanos em Operação militar na Nicarágua com a bandeira capturada do revolucionário Augusto Sandino

1- GUERRA FRIA E GOLPES BANCADOS PELOS EUA NA AMÉRICA LATINA

Na década de 1950, a Guerra Fria transformou a América Latina em um campo de batalha contra o comunismo, com os EUA apoiando ditaduras militares desde que servissem a seus interesses econômicos e geopolíticos.

CBN - A rádio que toca notícia - Ditadura militar argentina, a mais  'truculenta' da América do Sul, completa 46 anos
Ditadura militar argentina, considerada a mais sanguinária dos regimes militares implantados pela CIA no cone sul.

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  • Guatemala (1954) – A CIA derrubou o presidente democraticamente eleito Jacobo Árbenz por ameaçar os interesses da United Fruit Company com reformas agrárias.
  • Cuba (1961) – A fracassada Invasão da Baía dos Porcos tentou derrubar Fidel Castro após a Revolução Cubana (1959).
  • Brasil (1964) – Os EUA apoiaram o golpe militar contra João Goulart, temendo reformas sociais.
  • Chile (1973) – A CIA financiou e apoiou o golpe de Augusto Pinochet contra Salvador Allende, que havia nacionalizado indústrias de cobre.
  • Argentina (1976) – Os EUA deram apoio tácito à ditadura militar, que torturou e matou milhares de opositores.
Legenda: “O cobre é chileno, não do estrangeiro”. Há 50 anos, em 11 de julho de 1971, o Congresso aprovou por unanimidade a nacionalização proposta pelo presidente Salvador Allende, o que despertou a fúria dos EUA.
G1 - 'Traição e sacrifício' marcam golpe militar do Chile, dizem autores -  notícias em Mundo
O Palácio presidencial La Moneda na capital do Chile, bombardeado para o golpe de estado no Chile.

MAIS AMEAÇAS DE TRUMP PARA A AMÉRICA LATINA

Trump quer impor seu domínio a América Latina por meio da força se preciso.

Trump tem ameaçado retomar o canal do Panamá desde que retornou à Casa Branca em janeiro, sob a alegação de que a passagem é efetivamente administrada pela China, uma alegação que o governo do país centro-americano refuta. O republicano não exclui a possibilidade de uma recuperação através da força, mas não detalha exatamente como seria essa recuperação, mas ele sobe o tom e ameaça até intervenção militar.

De acordo com o acordo firmado entre os dois países na quinta-feira, as forças dos Estados Unidos poderão ser deslocadas para regiões de acesso e próximas ao canal do Panamá. O governo do Panamá nega ter dado permissão para a instalação de bases militares, um tema visto como sensível no país centro-americano, uma vez que relembra o período em que Washington controlava forças ao longo do canal, antes de a estrutura ser transferida para o Panamá, em 31 de dezembro de 1999.

PANAMÁ JÁ FOI INVADIDO PELOS EUA POR CAUSA DO CANAL DO PANAMÁ

Soldados do 75º Regimento dos Rangers se preparam para tomar La Comandancia no El Chorrillo bairro da Cidade do Panamá, Dezembro de 1989.

invasão do Panamá pelos EUA em 1989, batizada de “Operação Just Cause”, foi um dos episódios mais brutais da política intervencionista norte-americana na América Latina. O objetivo declarado era capturar o general Manuel Noriega, um ex-aliado da CIA que havia se tornado um problema para Washington. No entanto, os interesses estratégicos por trás da invasão iam muito além: garantir o controle absoluto do Canal do Panamá, uma rota vital para o comércio global e a projeção de poder militar dos EUA.

Invasão militar norte-americana no Panamá em 1989. Arquivos.

Desde sua construção no início do século XX, o Canal do Panamá foi dominado pelos Estados Unidos, que o controlaram até 31 de dezembro de 1999, quando finalmente foi devolvido ao Panamá após pressões internacionais. No entanto, os EUA sempre viram o canal como uma extensão de sua segurança nacional, e sua devolução não significou o fim da influência norte-americana na região.

Trump quer voltar com essa política colonialista e de porrete em cima da América Latina para conter a China, que em vez de violências e ameaças oferece investimentos em infra estrutura e parcerias comerciais com amplos ganhos para os países latino americanos.

Quando a China começou a aumentar sua presença na América Latina no século XXI, investindo em infraestrutura, comércio e diplomacia, os EUA reagiram com desconfiança e hostilidade. O canal é uma rota crucial para o comércio chinês com a América Latina, permitindo que a China exporte seus produtos e importe matérias-primas de forma mais eficiente.


Mesmo após a Guerra Fria, os EUA continuaram a pressionar governos latino-americanos que desafiavam sua hegemonia, como foi o caso de diversos países que sofreram interferências norte-americanas e até golpes de estado recentemente.

A história da relação entre os EUA e a América Latina é marcada por intervenções, golpes e coerção, sempre que os interesses geopolíticos ou econômicos dos norte-americanos são ameaçados. Ainda hoje, a região sofre pressões diplomáticas e econômicas para se alinhar aos desígnios de Washington. Entender essa história é essencial para resistir a novas formas de dominação e construir uma América Latina verdadeiramente soberana.

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