“Estamos diante de uma tragédia humanitária” diz pesquisador sobre a Previdência
“Estamos diante de uma tragédia humanitária”. Assim Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), define a reforma da Previdência, projeto do governo que foi aprovado neste quarta-feira (10), por maioria dos votos em plenário, na Câmara dos Deputados.
Em entrevista ao programa Fórum 21, Fagnani explicou que, além do modelo de Previdência público, a reforma destruirá o modelo de sociedade que foi pactuado na Constituição de 1988.
“Em 1988 foi a primeira que vez que, ao menos no plano da lei, tivemos direitos civis, direitos políticos e direitos sociais”, afirmou.
De acordo com o professor, o projeto aprovado, diferente do discurso encampado pelo governo, não combaterá privilégios e prejudicará os mais pobres.
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“Um dos núcleos da cidadania é a seguridade social. É o INSS urbano, rural, assistência social, saúde e seguro desemprego. É isso que está sendo destruído. A mudança do artigo 195 da Constituição, que foi aprovado com a reforma, destrói todo o mecanismo de financiamento da seguridade social. É muito grave”, pontuou.
O professor explicou que 93% da economia que a reforma fará em 20 anos se dá sobre o INSS rural, o INSS urbano, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o acordo salarial. “Me diga se tem algum privilegiado aí”, desafiou Fagnani.
“Vai mexer onde já foi reformado, no servidor público federal e no regime geral da Previdência social que paga benefício em média de R$1300. A reforma é uma transferência do INSS para as camadas de alta renda”, resumiu o professor, que ao longo do programa ainda tratou de outros pontos do projeto.
Assista.