Economistas agora já admitem que reforma da previdência pode piorar ainda mais a crise
Reforma da Previdência, apontada pelo governo Jair Bolsonaro como a salvação da economia brasileira, poderá ter um efeito recessivo se não for acompanhada de um aumento significativo do investimento privado, diz estudo da UFMG; estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) possa cair de 1% a 2% em até dez anos, dependendo da velocidade de resposta da iniciativa privada
247 – A reforma da Previdência, apontada pelo governo Jair Bolsonaro como a salvação da economia brasileira, poderá ter um efeito recessivo se não for acompanhada de um aumento significativo dos investimentos privados. A afirmação consta de uma nota técnica elaborada pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG). A estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) possa cair de 1% a 2% em um prazo de dez anos, dependendo da velocidade de resposta da iniciativa privada.
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De acordo com o estudo, publicado pelo jornal Valor Econômico, a redução dos valores das aposentadorias e pensões, devido a economia de até R$ 800 bilhões esperada pelo governo, teriam um impacto direto sobre a renda das famílias, reduzindo o consumo e a atividade econômica. Ainda segundo o levantamento, elaborado pelo pesquisadores Edson Paulo Domingues, Débora Freire Cardoso, Luís Eduardo Afonso e Guilherme Cardoso, os cortes no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) ampliam as desigualdades de renda e as reduções nas aposentadorias do setor público (RPPS) melhorariam as injustiças.
Para os pesquisadores, uma das razões sobre os efeitos negativos da reforma sobre a economia reside no fato de que não existe um consenso sobre como a confiança do mercado se aplicará aos investimentos. Associados a esta incerteza estão a lentidão na queda dos juros, reaquecimento da economia, redução do financiamentos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além do limite dos investimentos públicos imposto pela regra do teto dos gastos.
“Só a reforma da Previdência, se o investimento não responder dessa forma tão otimista quanto alguns economistas estão prevendo, coloca de fato a possibilidade de um cenário recessivo”, afirmou diz Débora Freire. “Não estar atento aos impactos socioeconômicos da reforma implica ampliação das desigualdades, em um país onde não existe mais espaço pra isso”, completou.