Horas antes de Cid ser baleado, Bolsonaro almoçava com defensor de motim no Ceará
Jornal GGN – Um dos principais apoiadores do motim de policiais militares e milicianos no Ceará, o deputado estadual André Fernandes (PSL-CE), almoçou com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, horas antes dos policiais amotinados balearem o senador Cid Gomes (PDT), na última quarta-feira (19).
A informação foi divulgada em reportagem do Valor, neste domingo (23), ao trazer as declarações do governador de São Paulo, João Doria, que se posicionou contrário ao processo de milicianização das polícias militar e civil no Ceará.
O deputado estadual André Fernandes é um dos maiores apoiadores do motim, que está intensificando uma onda de violência no estado. “A ação de miliciar a polícia e miliciar esse processo, sob qualquer justificativa, é um risco, e afronta a Constituição, afronta a democracia”, havia defendido Doria, à reportagem do Valor.
Segundo o jornal, Fernandes “almoçou com Bolsonaro no Palácio do Planalto momentos antes de policiais amotinados, na quarta-feira, balearem o senador Cid Gomes (PDT), que reagiu à radicalização avançando com uma retroescavadeira em direção ao movimento”.
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Respondendo tardiamente ao conflito, Bolsonaro acatou a um pedido do governador Camilo Santana (PT) de enviar forças armadas para conter a crise de segurança pública no estado. Entretanto, para especialistas, policiais e milicianos se sentem representados pelo atual governo de Jair Bolsonaro, devido à ascensão política de representantes da categoria no Executivo.
Em entrevista à BBC Brasil, o sociólogo Arthur Trindade, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Cidadania da Universidade de Brasília e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, alertou para este risco de poder político dado aos policiais e militares.
“O risco de instrumentalização política dos policiais pelo presidente é enorme, não necessariamente numa ação direta, de ele mandar (os policiais se mobilizarem), mas, ali no subterrâneo das negociações salariais, o pessoal sabe que tem apoio do presidente. Isso é mais uma peça no já complicado arranjo federativo do governo Bolsonaro com os governadores”, afirmou.
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