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Bolsonaro quer usar dinheiro público para financiar sua aliada Record contra a Globo

Entrevistado pela Record na noite de ontem no mesmo horário do debate da Globo, o extremista Jair Bolsonaro quer alterar a distribuição de recursos publicitários para fortalecer a emissora do bispo Edir Macedo, que declarou apoio a ele; objetivo é criar uma Fox News brasileira, nos moldes do canal que diz amém a todas as ações de Donald Trump nos Estados Unidos; favor do bispo Macedo a Bolsonaro constitui, na visão de muitos especialistas, crime eleitoral




247 – Entrevistado pela Record na noite de ontem no mesmo horário do debate da Globo, o extremista Jair Bolsonaro quer alterar a distribuição de recursos publicitários para fortalecer a emissora do bispo Edir Macedo, que declarou apoio a ele. O objetivo é criar uma Fox News brasileira, nos moldes do canal que diz amém a todas as ações de Donald Trump nos Estados Unidos. O favor do bispo Macedo a Bolsonaro constitui, na visão de muitos especialistas, crime eleitoral.

Em um momento em que a disputa presidencial vai se encaminhando para um segundo turno imprevisível, a Record parece ter encontrado sua maneira de finalmente derrotar a Globo, aproveitando o sentimento negativo contra a emissora do Jardim Botânico que se alastrou no Brasil.



A aproximação do bispo com o candidato extremista atende a interesses estratégicos de ambos e acende o sinal de alerta numa eleição que já vinha sendo única em função de ser o pleito imediatamente posterior ao golpe.

Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Igor Gielow analisa o flerte entre candidato e emissora: “a decisão de veicular uma entrevista com Jair Bolsonaro (PSL) no mesmo horário do debate dos outros presidenciáveis na TV Globo selou a aproximação do candidato com a Rede Record, controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus”.

Segundo Gielow, “o objetivo de Bolsonaro é ter na Record sua “Fox News”, como dizem seus aliados em referência à emissora noticiosa americana que publica pontos de vista majoritariamente favoráveis ao presidente Donald Trump —largamente espezinhado pela mídia tradicional dos EUA”.

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O jornalista ainda destaca que “para o grupo que controla emissora paulista, além de afinidades eletivas como a proximidade de Bolsonaro de líderes e do ideário evangélicos, há a expectativa de que, eleito presidente, ele mude regras de distribuição de verba publicitária federal”.

Gielow ressalta que “a Record não declarou apoio a Bolsonaro. O enlace foi sacramentado após o líder da Universal e dono da emissora, o bispo Edir Macedo, ter declarado voto em Bolsonaro, no sábado (29). O namoro, contudo, é mais antigo. Começou em novembro do ano passado, quando Bolsonaro foi apresentado à direção da Record em um evento do Ressoar, o instituto filantrópico da emissora, no hotel Unique, em São Paulo. A apresentação foi feita por Fábio Wajngarten, analista de mídia e empresário ligado a Bolsonaro, que também levou o candidato à direção da RedeTV! e do SBT. O economista Paulo Guedes, guru do presidenciável, fez o mesmo na Rede Globo”.

Igor Gielow observa que “poucos dias depois do evento em São Paulo, Bolsonaro passou a atacar a Globo, criticando a concentração de verbas publicitárias do governo federal na emissora. Em 1º de dezembro, disse que iria “cortar pela metade” os recursos destinados à empresa. A Secretaria de Comunicação do governo federal tem cerca de R$ 900 milhões anuais para investir em televisão. Hoje, o valor destinado à Globo é pouco inferior aos 40% de participação de mercado que a emissora tem —o chamado ‘share’.”

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