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Pastor diz que “mendigos têm dever bíblico de passar fome”

03/05/2022

Um pastor da Igreja Batista de Redenção (SP), afirmou que os mendigos tem o dever bíblico de passar fome, causando espanto até entre os seus. Ele tem perfil com postagens ultraconservadoras, pró-Bolsonaro, fotos com armas e com críticas á esquerda.

Pastor da Igreja Batista Redenção, provocou ira nas redes sociais, ao afirmar que mendigos teriam o dever biblíco de passar fome, seu nome é Marco Granconato, que mantém um perfil recheado de fotos com armas, mensagens ultrarreacionárias e posts com críticas insistentes à esquerda, disse que “a maioria dos mendigos têm o dever bíblico de passar fome, pois Paulo diz aos Tessalonicenses: se alguém não trabalha, que também não coma”.

Ele ainda tentou justificar a frase que mendigos tem dever de passar fome, baseado na sua interpretação da Bíblia, mas internautas massacraram o pastor e o expuseram.

“Então a maioria dos mendigos são vagabundos na sua visão? O senhor diz isso com base em quê?”, questionou um evangélico.

“E o que Jesus disse sobre, tive fome não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber e etc?”, lembrou um outro cristão, cuja única resposta que recebeu de Granconato foi um deboche por um deslize ortográfico cometido em sua pergunta.

“Engraçado, o texto de Mateus 25 não se aplica à caixinha na cabeça do pastor, mas o de Tessalonicenses sim. Uma aula de Hermenêutica: Cristo é um dos moradores de rua que o senhor negou comida, pastor. Cristo é o amor por quem não tem nada, é a compaixão pela dor do próximo. Todo esse desprezo me espanta. Os seus posicionamentos são o reflexo exato do que a igreja evangélica tem se tornado no Brasil. Eu sinto muito e espero que Deus lhe abra os olhos”, disparou um outro fiel evangélico, criticando duramente o líder extremista.

“Preciso ajustar a mira”, diz o pastor na foto com o alvo perfurado fora da área central. “Cajado moderno”, escreveu ele segurando uma escopeta calibre 12. A desculpa para o discurso diametralmente oposto ao pacifismo de Jesus Cristo é o já conhecido direito de defesa, sabe-se lá contra o quê.

“Eu quero sim influenciar pessoas, instigando-as a praticar o tiro esportivo e ter armas em casa, desde que legalmente. Eu aprovo isso como cristão e creio que todos, após cumprir certas exigências, deviam ter armas em sua residência, em seu carro e em seu local de trabalho. Acredito que isso é sábio e bom. Se eu pudesse, pregaria armado, com um coldre sob o paletó, para proteger meu rebanho de loucos assassinos que atacam igrejas indefesas”, argumentou. 

Após a polêmica, Granconato publicou nesta quarta-feira (4) uma nota de esclarecimento na qual afirma que a postagem inicial se referia às pessoas saudáveis que decidiram viver no ócio. Ele explica que o apóstolo Paulo encontrou um grupo que, por pensar que a volta de Jesus Cristo estava próxima, deixou de trabalhar.

“Eram pessoas saudáveis, jovens e capazes que, simplesmente, decidiram viver no ócio aproveitando-se de uma desculpa aparentemente justa (Cristo está voltando). A essas pessoas, o apóstolo aplica um princípio perene: ‘Você não quer trabalhar, então também não deve comer’”, diz a nota.

A Igreja Batista Redenção, onde ele é pastor desde 1997, fica no bairro Parada Inglesa, na zona norte de São Paulo.


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