Texto de Papa Francisco feito 3 dias antes de sua morte é divulgado

21/04/2025
O Vaticano resolveu divulgar o texto do Papa Francisco em tom de despedida, 3 dias antes de sua morte, nessa segunda-feira (21). O papa nos deixa aos 88 anos de idade e seu texto parecia previr o que poderia acontecer: “o que será do homem após a morte? O que será de mim?”, contudo terminou deixando uma mensagem de esperança para as pessoas.
Três dias antes de sua partida, o Papa Francisco escreveu um texto que parecia ser uma despedida. Atravessando complicações de saúde e recuperações, o Pontífice parecia prever o que poderia vir a ocorrer.
O texto foi redigido pelo pontífice para apresentar o livro do padre Tommaso Giannuzzi, “Profetas de Esperança: Dom Tonino Bello e o Papa Francisco”.
O primeiro Papa latino-americano, Jorge Mario Bergoglio se tornou o Sumo Pontífice no conclave de 13 de março de 2013, quando o então Papa Bento XVI renunciou ao posto.
Em sua última aparição pública, o Papa Francisco pediu o fim das guerras no mundo.
De acordo com o Vaticano, o padre Giznnzzi, de Salento, no sul da Itália, se baseia nas palavras do Papa argentino e do bispo de Molfetta, na Puglia, para tentar personificar a virtude da esperança, que é a mensagem principal do livro.
“Entre as muitas perguntas que o homem fez a si mesmo ao longo da história, uma acima de todas elas, sempre encontrou uma resposta incerta, mas que pode nos permitir enfrentar o evento do qual surge a pergunta primordial, ou seja, a vida além da morte; o que será do homem após a morte? O que será de mim?”, escreveu o Papa, logo no começo do livro.
“Todos sabemos que ninguém escapa do mistério da morte e que as muitas perguntas que surgem desse evento não podem deixar de questionar aquela virtude que, mais do que qualquer outra, permite que todo homem e mulher olhe além do limite humano: a esperança”, responde o próprio papa.
Agora o texto em si tem um tom de despedida do Pontífice, porém para além da tristeza da perda, o Papa deixa uma importante mensagem de esperança que deve ser cultivada no coração dos homens.
A ÍNTEGRA DO TEXTO DO PAPA DIVULGADO PELO VATICANO

Entre as muitas perguntas que o homem fez a si mesmo ao longo da história, uma acima de todas elas, sempre encontrou uma resposta incerta, mas que pode nos permitir enfrentar o evento do qual surge a pergunta primordial, ou seja, a vida além da morte; o que será do homem após a morte? O que será de mim? Todos sabemos que ninguém escapa do mistério da morte e que as muitas perguntas que surgem desse evento não podem deixar de questionar aquela virtude que, mais do que qualquer outra, permite que todo homem e mulher olhe além do limite humano: a esperança! Porque a esperança é vida, é viver, é dar sentido ao caminho, é encontrar as razões pelas quais continuar, motivando o significado de nossa existência, de nosso presente, de nosso estar aqui, agora. O Catecismo da Igreja Católica descreve como a virtude teológica da esperança encontra seu fundamento na palavra de Jesus, afirmando que:
A esperança cristã é a virtude teologal pela qual desejamos o reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, colocando nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossa própria força, mas na ajuda da graça do Espírito Santo (1); além disso, ela responde à aspiração à felicidade, que Deus colocou no coração de todo homem; assume as expectativas que inspiram as atividades dos homens; purifica-as a fim de ordená-las ao reino dos céus; protege contra o desânimo; sustenta em todos os momentos de abandono; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna (2).
A esperança proporciona à vida do homem uma janela para o Eterno. No entanto, estamos bem cientes de que a resposta à pergunta sobre o destino da viagem cristã pode ser negativa, devido às muitas influências erradas que vêm do mundo; além disso, diante do medo de pensar que não há nada no final da viagem, é possível que a humanidade caia no desespero. Se falta a virtude da esperança, as outras virtudes que se apoiam nela também entram em colapso. Hoje em dia, esse pilar da vida de fé é frequentemente ironizado e mal compreendido, a tal ponto que o ditado popular “quem vive de esperança, desesperado morre” se torna o tema principal. Corre-se o risco, cada vez mais à espreita, de pensar que a esperança é:
uma espécie de armário de desejos fracassados, […]. Em vez disso, é preciso deixar claro que a esperança é um parente próximo do realismo. É a tensão de quem, tendo se lançado em uma estrada, já percorreu um trecho dela e dirige seus passos, com amor e trepidação, em direção à meta ainda não alcançada. Em suma, é um compromisso robusto, que nada tem a ver com fuga (3).
Deve-se ter em mente, entretanto, que a esperança não é um dom que se obtém apenas por mérito humano, mas é uma graça nascida do desejo inato de ser feliz. Por meio de Cristo morto e ressuscitado, essa graça, pelo poder do Espírito Santo, é enxertada no coração de cada homem e mulher: “esse desejo é de origem divina; Deus o colocou no coração do homem para atraí-lo a si, porque só Ele pode preenchê-lo” (4). Escrevi na Bula de Proclamação para o Jubileu de 2025:
Todos esperam. No coração de cada pessoa está contida a esperança como desejo e expectativa do bem, mesmo sem saber o que o amanhã trará. A imprevisibilidade do futuro, entretanto, dá origem a sentimentos às vezes conflitantes: da confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. Frequentemente encontramos pessoas desanimadas, que olham para o futuro com ceticismo e pessimismo, como se nada pudesse lhes oferecer felicidade (5).
Partindo do pensamento de dom Tonino Bello e das minhas palavras e catequeses sobre a virtude da esperança, padre Tommaso Giannuzzi procurou reler alguns aspectos da mesma, que, através das nossas palavras, se tornam para o leitor um convite a se maravilhar com essa força que encontra seu início e seu ponto culminante no Ressuscitado. Através da análise de alguns escritos de dom Bello, e principalmente através das catequeses sobre esse tema que dei nas audiências de quarta-feira do ano de 2017, o autor do texto tentará dar um rosto a essa fonte que jorra no coração da humanidade. Esse convite se torna então um compromisso de fazer crescer em nós essa “criança”, como também dom Bello gostava de definir essa grande virtude, fazendo suas as palavras e os pensamentos do grande poeta e escritor Charles Péguy:
O que precisa ser a minha graça e a força da minha graça para que essa pequena esperança, que vacila ao sopro do pecado, que treme a todos os ventos, que se inquieta ao menor sopro, seja tão invariável, seja tão fiel, tão reta, tão pura; e invencível, e imortal, e impossível de extinguir […]. O que me surpreende, diz Deus, é a esperança. Eu não a entendo. Essa pequena esperança que tem o ar de não ser nada. Essa criança esperança, imortal (6).
Notas
(1) Catechismo della Chiesa Cattolica, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano 1992, n. 1817 (da ora in poi: CCC).
(2) Ivi, n. 1818
(3) A. Bello, Squilli di trombe e rintocchi di campane, in Scritti 3, Ed. La Nuova Mezzina, Molfetta (BA) 2014, p. 231. Le opere di mons. Bello sono raccolte nei sei volumi editi dalla casa editrice La Nuova Mezzina. Citeremo nel corso del testo le opere facendo riferimento al volume nel quale sono contenute con la dicitura Scritti 1, 2 ecc. [nota dell’Autore].
(5) Francesco, Spes non confundit, Bolla di indizione del giubileo ordinario dell’anno 2025, 9 maggio 2024, n. 1.
(6) C. Péguy, I misteri, Jaca Book, Milano 1997, pp. 164-165.
Com informações da Revista Fórum
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