em Política

Como reinventar a comunicação para derrotar a direita e sua gestão trágica

Por Everton Rodrigues*

 17 de julho de 2020

A pandemia do coronavírus apresenta inúmeras evidências do fracasso do capitalismo, do individualismo e da concorrência. A pandemia mostra com dados diários que mesmo diante de mais de 75 mil pessoas mortas por covid19, fome, violência de um governo fascista, nós da esquerda, não conseguimos ainda parar para pensar, planejar e praticar métodos de comunicações colaborativas que possam aproximar e envolver pessoas nas causas pelo bem comum.




Os métodos de muitos companheiros e companheiras, assim como, de nossas organizações, também tem origens no capitalismo, e repetimos práticas individualistas e competitivas.

Sem reflexão, percebo repetidos uso da expressão virtual para mencionar ações na internet. Virtual é uma expressão associada a internet na década de 80 quando não se compreendia o potencial desse ambiente real de projeção da nossa realidade. A internet é o megafone da nossa voz e da nossa imagem, portanto, exatamente o contrário de virtual (que não existe como realidade, mas sim como potência ou faculdade).




Mesmo diante das diferentes possibilidades que a internet oferece a maioria dos agentes da esquerda praticam velhos métodos de comunicação centralizada, de um para vários. Praticam os velhos métodos da década de 20, que serviram para o desenvolvimento do jornal, da televisão e do rádio.

Esse método de comunicação centralizada que serviram apenas para as elites, abafou culturas locais para impor culturas dominantes, que fortaleceu o capitalismo, o individualismo e a competição, que hoje fracassam visivelmente e miseravelmente.

O marketing vende embalagens, não promove conteúdos, por isso, é importante abandonar métodos que vendem embalagens e escolher a propaganda para propagar idéias para uma outra sociedade possível pelo bem comum.



Se esse método de comunciação centralizada fracassou, por que ainda praticamos?


                             Matemático John Nash vencedor do Prêmio Nobel de Economia

Em 1994, 26 anos atrás, o matemático John Nash ganhou o prêmio Nobel de Economia por provar matematicamente que ao invés da competição, a colaboração é a melhor opção.

Já se passaram 26 anos que Nash superou a lei capitalista de Adam Smith quando incorporou “e pelo grupo” na idéia individualista “O melhor resultado acontece quando todos em um grupo fazem o melhor por si próprios”.

Temos 26 anos em que se provou que a competição não funciona e é a pior opção. A pandemia trouxe todas as evidências de que o individualismo e a concorrência são as piores opções, e mesmo assim, podemos ver maioria das companheiras e companheiros insistindo nessa insanidade.



Assisto pessoas falarem em suas lives, leio seus comentários onde manifestam seus desejos de melhorar o mundo, que querem uma sociedade justa e igualitária, mas são incapazes de escutar os diferentes. Muitas vezes quando surgem idéias divergentes, vejo pessoas da esquerda incomodadas, combatendo essas idéias diferentes e divergentes como se fossem os próprios inimigos.

“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” (Paulo Freire)


Paulo Freire demonizado pela direita, educador e pedagogo

Para aprender é preciso escutar e considerar as idéias diferentes

Esse desejo de superar as desigualdades sociais com velhos métodos de comunicação e organização centralizada é evidência de insanidade. “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”

Vejo companheiras e companheiros apresentando soluções colaborativas que são sistematicamente ignoradas. Vejo outras rindo, zoando e tentando desqualificar movimentos que praticam e defendem a liberdade do conhecimento contra as patentes e propriedade intelectual que servem apenas para as grandes empresas.

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Vejo companheiras e companheiros que desconhecem o software livre, que preferem não se esforçar para entender, emitindo críticas superficiais sem fundamentos.

Sem a prática o discurso torna-se vazio. Toda a prática só será coletiva, se exisitr escuta, inclusive entre diferentes e divergentes. Desenvolver processos coletivos e colaborativos é nossa única possibilidade de vitória.

Escutar é a única possibilidade de envolver pessoas nas causas pelo bem comum.

Para isso acontecer, será necessário abandonar antigas práticas de organização centralizada, de comunicação centralizada, uma promoção do fracassado capitalismo competitivo.

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*Integrante do Movimento Software Livre, conhecimento livre das patentes e da propriedade intelectual. Construtor de redes distribuídas, integrante do Falandoverdades.

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